sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Transparente



Eu vi Alice, ela estava linda como sempre, mas seu sorriso mostrava claramente a tristeza que a preenchia.  Ela me olhou, como quem tenta disfarçar o que a inquieta. Eu a conheço, ela não é assim, ela está assim, ou estava. Soube que eu era o que ela precisava, e ao mesmo tempo o que ela mais precisava evitar. Tudo o que eu podia dar, ela não queria receber, e quando eu queria fugir, tudo o que ela fazia era me prender.

Alice, minha Alice, ingênua, não conhece a si própria, não consegue se olhar, não retorna o olhar de quem  a quer amar. Eu a entendo, de alguma forma, sei que só eu posso fazê-la entender que não pode entendê-la.

Alice joga seu cabelo, joga na minha cara o que eu não quero ver, Alice provoca, chega perto, se afasta, e some, e ninguém sabe quando volta. Nem ela sabe. Nem você, Alice.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Apenas Mais Um



Desperdício de amor causado pelo ódio. Vício de tédio causado pelo fastio.
A vontade de perder, provida da preguiça. Os olhos cheios de lágrimas: resultado de uma verdade.

domingo, 19 de setembro de 2010

Imagem



Sorrisos vazios são os mais comuns.
Sempre fujo do comum, do convencional. Fico longe dos sorrisos vazios, de pessoas vazias, e principalmente de palavras vazias.
Acho que tudo tem que estar sempre transbordando, desde o copo até grito. Seja de matéria ou sentimento, o importante é a diferença. A diferença que se sente do “eu te amo” de mentira, para o de verdade.
Até a relatividade do ódio e do amor, de tudo, tudo pode ser diferente, até aquilo que você não entende. O que fazer pra entender? Transbordar, seja de matéria ou sentimento, não importa, a essa altura, já é indiferente.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

i9





Inovar. Tente sempre inovar, é o segredo pra tudo.
Se olhe no espelho, faça caretas.
Tire fotos, tente ser sexy, depois morra de rir com suas caras.
Conte piadas sem graça e morra de rir com elas.
Jogue pedras na janela da pessoa que você ama e diga o quanto ela é especial.
Tome banho de piscina a noite pegue um resfriado e falte a prova de química.
Dê banho no cachorro e se molhe todo.
Apague a luz e tire fotos, depois fique procurando fantasmas no escuro.
Chore muito no ombro de alguém, depois ria de tudo.



(É bem provável que você não encontrará mais textos no mesmo estilo desse aqui)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Cíclico



Nunca me senti tão sozinho.
Sou a cinza do incenso.
Sou como a única fresta de sol que entra no quarto.
Sou como a única lágrima de um choro falso.
Sou como meus erros de português.
Sou a falta que sinto de um futuro próximo.
Sou a insistência de chegar, entrar e permanecer.
Sou o texto confuso e incompleto de um poeta bêbado, a imaturidade da criança, a tristeza sem fim, as surpresas desnecessárias, a espuma que transborda do copo.
Sou o homem, a mulher, o viado, o covarde, o babaca, a vaidade.
Sou o amor, o silêncio e a dor.