Hoje estou em meu quarto, não desejo sair daqui nem por um copo d’água.
A vida no meu mundo é menos complicada que no mundo real, pensando no que as pessoas pensam e amando o que as pessoas não amam.
Rabisco a parede, arrisco e descubro a arte na palavra chave da minha vida. Nas fotos descubro erros de português, rugas e marcas de sorriso que serão odiadas no futuro. Vejo espelhos, vejo fantasmas, convivo com o desconhecido, que na maioria das vezes me conhece mais do que os que fingem se interessar pelas minhas palavras.
Ninguém consegue me descobrir sozinho, não que tenham tentado, mas no meu quarto é que descrevo o que sou e o que penso, e o que mais ninguém pode achar. Não permito a entrada de ninguém. Não trabalho a ideia de ser uma pessoa melhor, não me interesso em ser perfeito, não pra outra pessoa, sou perfeito pra mim e é com isso que me importo. Sou feliz com a minha felicidade, fico triste com minhas desilusões. E seria contradição falar que eu não entendo meus próprios sentimentos? Eu não me entendo, mas meu quarto, ele sim me entende.