domingo, 5 de dezembro de 2010

O Aparente...





Está tudo bem, meu bem. É só uma falta de ar, um mal estar ou qualquer coisa que logo vai passar.
Está tudo bem, amor. Não questione a forma que estou, não mudei, está tudo bem.
Vou ali fora fumar um pouco, não, não precisa vir, fique aí, preciso olhar os carros irem e virem, preciso de um tempo com eles.
Vou ao banheiro, preciso vomitar, não, está tudo bem, eu só quero ver qual cor é meu estomago.
Não, não vou sair querida, a cidade está cheia de carros, um deles podem nos atropelar, gosto da segurança da minha casa, longe da preocupação de te agradar.
Está tudo bem, meu doce, esse gosto já vai sair da sua boca, beba algo, vai passar. Estou aqui com você, tudo vai ficar melhor.
Conte para mim seus segredos, divida comigo essa dor, não vou te julgar, prometo não ir embora, vai ficar tudo bem.
Foi só um arranhão, logo passa, lave bem a ferida, pelo menos essa irá cicatrizar.
Jogue fora aquela carta, não leve em consideração uma palavra, eu não estava sóbrio quando a escrevi, estava embriagado. Não, eu não bebi aquela noite, só estava cheio de paixão, é, já passou.
Leia um livro, mas não se lembre de mim, vou morrer daqui a alguns minutos, não note minha ausência, não farei falta.
Desapareci. Você já não se lembra mais de mim, mas sonha comigo, sonha que eu apareça um dia. Não queira isso, meu bem, eu não trago seu bem. Só trago a dor desesperada a qual você quer se livrar.